terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Angústia.

Não importava quantas colheres de açúcar colocasse no café, ele continuaria amargo. Talvez o problema não fosse o café ou o açúcar, talvez o problema não fosse seu time ter perdido ou o preço da carteira de cigarro ter aumentado. Talvez o problema fosse consigo.

Dizem que o tempo coloca tudo em seu devido lugar. Jamais acreditou nisso, a única coisa que o tempo coloca são cabelos brancos em sua cabeça.

Abria a parte de política do jornal e já não se importava mais com isso. O pó de seus livros velhos ainda o acompanhava, mas já não valia a pena continuar apaixonado por ideologias antigas, utopias que não passam de utopias.

Observar o mundo através de uma caixa de imagens era entediante, embriagar-se com aguardente já era banal. Não sentia mais prazer ao ter o calor de outro corpo em seus braços. Respirar continuava cada vez mais doloroso.

A chuva fina batia na janela de vidro do seu quarto. Seu despertador tocava.

Hora de acordar.

Hora de viver mais um dia.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Doce desespero.

A cidade está morta; e como um peso morto ela me cansa. As pessoas me saturam, trazem suas complicações e contaminam o meu mundo. Um mundo já tão contaminado com meus medos, minhas inseguranças, minhas angústias. Hoje estou bem, amanhã posso explodir.

Quero me isolar de tudo e de todos. Nem que por alguns minutos quero me isolar da mesmice cotidiana, do tédio que consome o meu dia-a-dia, minha juventude, meus conceitos. Quero fugir para a solidão acompanhado da minha loucura.

Certa vez uma cigana leu a minha mão, disse que eu morreria cedo. Acendi um cigarro e esperei a morte chegar.

(Ainda espero.)