terça-feira, 28 de maio de 2013

dança dançar

dança
    dançar

 sem ritmo

       apenas com a sintonia

             não com a música
                 
                       mas com o outro corpo

                                 dança
                             dançar
                                samba

              dançar um bolero
                 dançar no chão
             dançar até no teto


segunda-feira, 27 de maio de 2013

utopia morta

pontas de cigarro
        esquecidas no chão
pessoas seguindo passos
perambulando em multidão
    olhos vendados pelo comodismo
       gargantas molhadas pela aguardente
    observando, tento me livrar disto
      pensando, tento clarear minha mente
                                  paro, desisto

                     já que não vou mudar o mundo
                       garçom,
                           outra cerveja!


quinta-feira, 23 de maio de 2013

cafajeste

                  vou roubar a lua
 colocar num anel e te pedir em casamento                              
    fazer promessas que não cumprirei
           vou dizer que te amo
                 mas como é frágil o meu amor...

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Happy hour.

Quando Roberto abriu a porta do apartamento, esvaziou os bolsos como de costume. Celular, carteira e chave do carro; colocou sobre um móvel da sala, mas manteve a carteira de cigarro e o isqueiro Bic na mão. Foi até a varanda. Seu time tinha sido eliminado, o que geralmente o teria deixado chateado, mas não estava pensando muito nisso. Só tinha em mente as últimas horas que passaram. Tentava lembrar passo a passo.

Engarrafamento. Trabalho. Almoço. Mais trabalho. Enfim, chopp com o pessoal do trabalho. Foi o segundo da firma a chegar no barzinho, Luísa, sua colega, foi a primeira. Roberto e Luísa nunca foram tão próximos, mas sempre trocavam palavras simpáticas quando se esbarravam no café da firma, as mesmas palavras que trocamos com um vizinho no elevador.

Sentou na mesa e começaram a conversar, entre um chopp e outro percebiam que tinham muito em comum. Demorou cerca de 40 minutos para se darem conta de que não tinha mais ninguém da firma chegando, e só quando ligou para Ricardinho, do almoxarifado, se deu conta que tinha marcado com o pessoal no Bar do Bigode, e não no Chopp do Careca. Roberto e Luísa riram, os dois tinham se enganado, mas pareciam não se importar. Resolveram continuar no Chopp do Careca.

Na hora de pagar a conta, Roberto insistiu em pagar sozinho, mas percebeu que se insistisse um pouco mais Luísa se sentiria ofendida. Racharam meio a meio. Na saída do bar, ele a acompanhou até o carro.

Quando ela destravou o alarme, Roberto a puxou pelo braço, de forma sutil. Talvez fosse o chopp falando mais alto, mas quando se deram conta os lábios um do outro já estavam próximos demais.

Na varanda, com um cigarro aceso, se lembrava da maneira que Luísa ajeitou uma mecha de cabelo para trás da orelha enquanto suas bocas se separavam daquele beijo. Era uma maneira meio envergonhada, com um sorriso inocente de criança que sabe que é errado passar o dedo na cobertura do bolo e mesmo assim o faz. Logo em seguida se despediram um do outro. Era uma mulher encantadora, bonita, que parecia ter algo nos olhos que simplesmente prendia sua atenção. Talvez estivesse apaixonado. "Puta que pariu", pensou.

- Oi, amor, foi bom lá com o pessoal? - perguntou Cláudia, sua esposa.

- O de sempre, meu bem, um bando de macho falando sobre futebol - respondeu Roberto, disfarçadamente colocando a aliança no dedo.

domingo, 19 de maio de 2013

chuva

chuva
chove
  lava meu espírito
        chuva
        chove
             tira o cheiro dela de mim
                             chuva
                             chove
                                  leva as mágoas para longe
                                                chuva
                                                chove
                                                             c
                                                                h
                                                                   o
                                                                    v
                                                                      e

terça-feira, 14 de maio de 2013

vida, vento, vela

                                                            as
                                                         velas
                                                       saindo
                                                        do mucuripe
                                                        já não levam minhas
                                                          mágoas para as águas fundas do
                                                           mar
                          as velas do mucuripe levam a tristeza de seus pescadores
                                   para a labuta de cada dia, do sol em suas faces



                         navegar é preciso
                               viver não é preciso

                                        ~

domingo, 12 de maio de 2013

rotina

de todos os acasos
                  e de todos os casos
       entre um cigarro e outro
         no mesmo bar sujo
ainda é em você que penso
              e quanto mais tento esquecer
                                 mais ainda eu lembro
                                      mais ainda eu lamento
                                             mais ainda eu sofro

                           então minto para mim mesmo
                           digo que estou bem, finjo que acredito
                           acordo mais um dia
                           e levo a vida que tenho para levar

sexta-feira, 10 de maio de 2013

[in]paciência

se vou ser
        você
se vou ser
          nós
        não omita
     apenas diga
e ficamos a sós

quarta-feira, 8 de maio de 2013

o burocrático

pare aí, meu amigo
diga de onde vem, para onde vai
o que quer comigo
quem é tua mãe, quem é teu pai

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Clique!


Fotografar um momento é eternizar algo.

               Então resolvi fotografar seu rosto com meus olhos.

                    (eternizar nossos momentos em minha alma)

                                       

domingo, 5 de maio de 2013

utopia

uni-vos, trabalhadores do mundo!
contra cada patrão, cada explorador
que não passam de uns vagabundos
roubam nosso sangue, nosso suor, nossa dor

em minha alma, só haverá alegria
quando a verdadeira revolução acontecer
quando estiver em prática a utopia
da justiça, da liberdade e da egalité

que sejamos todos irmãos
nas lutas que acontencerão

mas enquanto a revolução não vem
vou pagando as contas no fim do mês
só de luz veio mais de cem
e a de água vence dia seis

fuga

cheiro de café
café quente
      alma fria
    calma agonia
       acender um cigarro
ascender uma idéia
   o furo do meu sapato
o portal para uma odisséia

o sol desvirginando a madrugada

    juventude
  aflora
juízo
  afora
          calor
               momento
       
                        a insegurança de um beijo roubado
                       
                                    a insegurança de uma incocência perdida

quinta-feira, 2 de maio de 2013

ebriedade

o copo está cheio
cheio de mágoas
         de incertezas
         de inseguranças

e você se sente aquela mesma criança
          brincando só, no mesmo quarto
           mas seus brinquedos agora são outros
                                                   são o vinho,
                                            o cigarro
   desilusões que ficaram no meio do caminho
           lembranças de um motel barato

                           e a vida que segue em frente
            sem se importar com o que você sente