quinta-feira, 28 de junho de 2012

Primeira pessoa do plural.

E até hoje eu guardo no bolso o isqueiro Bic que você me deu, junto com as boas lembranças e um punhado de mágoas soltas. Guardo na mente os momentos cotidianos, a felicidade que passava invisível diante dos meus olhos. As conversas sem pé nem cabeça que tínhamos após o sexo, a sua risada engraçada quando assistíamos a algum filme besta, nossos diálogos existencialistas enquanto nos balançávamos numa rede, de você tirando sarro da minha cara quando meu time perdia. Lembro de nós.

domingo, 24 de junho de 2012

É a vida, companheiro.

Às vezes sou muito impulsivo. Faço duas vezes antes de pensar, bem como diria a música. Talvez por isso eu quebre a cara tantas vezes. Se um dia eu tenho amor por uma pessoa, no outro eu tenho indiferença. Se um problema grande não me afeta hoje, amanhã tô morrendo por causa dele.

Sou muito exagerado, se agora não quero te ver nem pintada de ouro, já, já te quero do meu lado seja como for.

Se estou com raiva agora, logo lembro daqueles momentos que tivemos. O tempo passa e a gente vai esperando tudo se resolver, tudo se encaixar, a gente deixa o tempo superar por nós. Só que a vida sempre arranja um jeito de estragar tudo.

Você entra no ônibus, vê a pessoa, fica desesperado, finge que não viu, ela vem falar com você e pergunta como estão as coisas. Nessas horas que você percebe o quanto o tempo não passa de uma ilusão, de que certas coisas não olham para o calendário, simplesmente acontecem.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Escrevendo um poema.

Pensei em escrever um poema
Primeiro peguei a tinta
Depois peguei a pena
Pensei comigo: "apenas sinta"

Procurei palavras ao acaso
Imaginei meu inferno
O paraíso no teu abraço
Escrevi num caderno.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Filosofia (Ascenso Ferreira)

Hora de comer - comer!

Hora de dormir - dormir!

Hora de vadiar - vadiar!

Hora de trabalhar?

- Pernas pro ar que ninguém é de ferro!

domingo, 10 de junho de 2012

Menino de Rua (Patativa do Assaré)


Menino de Rua, assim maltrapilho
De quem tu és filho
Onde anda o teu pai?

Tu vagas incerto não achas abrigo
Exposto ao perigo
De um drama de horror
É sobre a sarjeta que dormes teu sono,
No grande abandono
Não tens protetor

Meu Deus! Que tristeza! Que vida esta tua
Menino de Rua,
Tu andas em vão
Ninguém te conhece, nem sabe o teu nome
Com frio e com fome
Sem roupa e sem pão

Ao léu do desprezo dormes ao relento
O teu sofrimento
Não posso julgar,
Ninguém te auxilia, ninguém te consola,
Cadê tua escola,
Teus pais teu lar?

Seguindo constante teu duro caminho
Tu vives sozinho
Não és de ninguém
Às vezes pensando na vida que levas
Te ocultas nas trevas
Com medo de alguém

Assim continuas de noite e de dia
Não tens alegria
Não cantas nem ri
No caos de incerteza que o seu mundo encerra
Os grandes da terra
Não zelam por ti
Teus olhos demonstram a dor, a tristeza,
Miséria, pobreza
E cruéis privações
E enquanto estas dores tu vives pensando,
Vão ricos roubando
Milhões e milhões
Garoto eu desejo que em vez deste inferno
Tu tenhas caderno
Também professor
Menino de Rua de ti não me esqueço
E aqui te ofereço
Meu canto de dor

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Minha Desgraça (Álvares de Azevedo)

Minha desgraça não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, um planeta
Tratar-me como trata um boneco...
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo o sol (quem mo dera!) é o dinheiro...
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz o meu peito blasfema,
É ter para escrever um poema
E não ter um vintém para uma vela