terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Qual a tua arte?

Quem conhece Fortaleza sabe que o Dragão do Mar é uma boa pedida para aproveitar a ébria noite alencarina. Há varios bares e boates por lá, música de qualidade e cerveja gelada.

Não são raros os hippies e mendigos querendo vender pulseiras e pedindo dinheiro. Mas o que me chama a atenção é que boa parte desses "indigentes" - que muitas vezes são muito mais "gente" que alguns que dirigem carros importados - sempre tem uma boa história para contar.

Outro dia lá estava eu, num grupo de amigos, bebendo, sentado numa mesa de um carrinho que vendia bebida mais barata que nos bares. Então me aparece uma figura querendo vender pulseiras. Perguntei:

"Qual a tua arte?"

"Me dê um tema", ele disse.

"O céu".

Ele fez um rap-repente que me deixou impressionado. Passou uns 5 minutos improvisando e fazendo graça. Tinha talento o cara. Retribui com o que pude dentro das minhas condições de estudante de filosofia: o resto da minha dose de cachaça, um cigarro e dois reais. E o mais valioso: atenção.

A tantos outros quanto ele, deixo as palavras de Álvares de Azevedo:

Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz o meu peito blasfema,
É ter para escrever um poema,
E não ter um vintém para uma vela.