quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Ricardo, o alcoólatra.

Quando bêbado, Ricardo sempre achava que devia beber mais, que a garrafa de vinho tinto barato seria derrubada antes que ele. Quando bêbado, Ricardo jamais pensava na ressaca que isso lhe causaria - afinal de contas, estava bêbado! -, que a noite continuava sendo uma criança e que estava longe de acabar, mesmo quando o sol começava a dar bom dia.

O problema é que a ressaca sempre chegava, e com ela a lembrança das merdas que se permitiu fazer. Quando sóbrio, Ricardo jurava a deus e ao mundo que pararia de beber, tinha a cara de pau de prometer até a si mesmo que nunca mais colocaria uma gota de álcool na boca. Mas era Ricardo, o bêbado, e todos sabiam o que ele faria a seguir.

Sua bebida preferida, apesar de beber todas, era o uísque. A ressaca não era tão grande, mas em compensação o uísque tinha um poder muito mais destruidor. Ricardo, quando bebia uísque, fazia coisas que jamais faria se estivesse bebendo vinho ou cerveja, ele perdia a noção de si e de ser.

Todos julgavam, mas ninguém tentava se colocar no lugar de Ricardo. Ninguém poderia saber o quão entediante a vida pode se tornar, ele bebia apenas para aproveitar a vida. Pelo menos era o que dizia para o garçom enquanto este lhe servia outra dose, e mesmo tentando ser sincero, ele sabia que sua necessidade era maior que sua vontade

Ricardo bebia quando estava triste, e ficava triste porque estava bebendo, e quando bêbado ele não conseguia inventar desculpas para si mesmo para justificar por que precisava tanto de um copo de cerveja. Lembrava-se de quando era adolescente e se gabava por dizer o quanto havia bebido no final de semana anterior, agora sentia vergonha quando algum conhecido o encontrava em algum bar.

Ricardo não amava a bebida, amava estar bêbado, e se odiava por isso.

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