terça-feira, 4 de outubro de 2011

Fim.

Aquela briga tinha sido das feias, uma das maiores que a gente teve em quatro anos de namoro. Eu nem sequer me lembrava como tinha começado, mas de repente tudo o que tava na garganta resolveu sair de uma vez, tudo que tava entalado, tudo no cotidiano que nos incomodava mas ignorávamos para manter o bom convívio.

Agora Renata estava no banheiro, aos prantos. Foram bons minutos de gritaria. Eu estava na cozinha tomando um copo d'água com a bochecha ainda queimando do tapa que ela havia me dado. Geralmente quando se começa uma briga assim a gente tem a impressão de que vai tudo acabar bem, com uma reconciliação na cama e declarações de filmes românticos, desses que já estamos cansados de ver.

Mas dessa vez a coisa parecia séria. Ela passou quase uma hora no banheiro até parar de soluçar e sair de uma vez, indo direto ao quarto e tirando as coisas dela do guarda-roupa. Fiquei encostado na porta, de braços cruzados, apenas observando-a. Ficamos em silêncio. E eu soube que tudo havia acabado quando ela tirou o Álbum Branco dos Beatles que estava no meu porta-CDs.

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