segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Refúgio.

Acendi meu cigarro. Mais um. Traguei a fumaça como a noite tragava o céu. O frio batendo na janela e o som da chuva quebrando o silêncio. Eu costumava gostar disso. Estar perdido nos corredores dos meus pensamentos. Minhas lembranças escondidas atrás de portas vermelhas. Frações de mim e de quem sou. O refúgio que ainda tinha, um refúgio para me esconder da realidade.

Enquanto meus passos ecoavam no enorme corredor, abri uma das portas. Uma especial, guardando uma das minhas lembranças preferidas. O cheiro de poeira e livros velhos encadernados em capas duras e de páginas amareladas. Aquilo me vinha à mente. Era meu esconderijo, atrás da estante de literatura francesa na biblioteca da escola.

A grande estante de metal era como se fosse uma muralha, meu castelo; Camus, Sartre, Molière, Dumas e Victor Hugo eram meus cavaleiros, soldados em alerta para me proteger ao menor sinal de perigo.

O toque findando o intervalo ecoava por toda a escola. A porta vermelha se fecha, sou tragado de volta à realidade. Apago meu cigarro. E continuo vivendo.

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