terça-feira, 10 de abril de 2012

Cigarro mata.

Acordou coberto de suor, atordoado, sem saber o que havia acontecido. Demorou uma fração de segundo até perceber que estava em sua cama e havia tido um pesadelo, não lembrava bem o que tinha sonhado, mas sentia-se com certa angústia.

Levantou-se, foi até a cozinha e tomou um copo d'água. Sentiu uma ponta de arrependimento por ter parado de fumar. Precisava desesperadamente de um cigarro. Havia parado há três dias, o último maço de Marlboro vermelho jazia em sua mesinha, vazio.

Colocou um jeans e a primeira camisa que viu. Precisava realmente de um cigarro a ponto de sair de casa às três da madrugada de uma quarta-feira. Trancou a porta e desceu as escadas com certa pressa. Caminhou três quarteirões até o bar do Nogueira. Lá sempre estava aberto e vendia cigarro.

Pediu um maço ao seu Nogueira, um senhor careca e de bigode grisalho, corpulento e baixo. Não tinha Marlboro, só Free. Detestava Free, mas era o jeito. Pagou com uma nota de cinco e recebeu uma moeda de troco. Guardou na carteira.

Tirou o isqueiro de prata do bolso - havia sido presente de seu tio - e o cigarro do maço. Acendeu enquanto andava pela rua, dando uma bela tragada. Um táxi furou o sinal vermelho.

Não houve uma segunda tragada.