Levantou-se, foi até a cozinha e tomou um copo d'água. Sentiu uma ponta de arrependimento por ter parado de fumar. Precisava desesperadamente de um cigarro. Havia parado há três dias, o último maço de Marlboro vermelho jazia em sua mesinha, vazio.
Colocou um jeans e a primeira camisa que viu. Precisava realmente de um cigarro a ponto de sair de casa às três da madrugada de uma quarta-feira. Trancou a porta e desceu as escadas com certa pressa. Caminhou três quarteirões até o bar do Nogueira. Lá sempre estava aberto e vendia cigarro.
Pediu um maço ao seu Nogueira, um senhor careca e de bigode grisalho, corpulento e baixo. Não tinha Marlboro, só Free. Detestava Free, mas era o jeito. Pagou com uma nota de cinco e recebeu uma moeda de troco. Guardou na carteira.
Tirou o isqueiro de prata do bolso - havia sido presente de seu tio - e o cigarro do maço. Acendeu enquanto andava pela rua, dando uma bela tragada. Um táxi furou o sinal vermelho.
Não houve uma segunda tragada.
Um comentário:
muito bom!
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