quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

¡Viva la Revolución!

Hoje eu acordei meio revolucionário, sei lá. De repente lembrei que sou jovem e é de minha natureza ter essa chama na alma que clama por justiça, a sede de aventura e a paixão pela revolução.

Às vezes me pergunto se nasci na época errada, talvez no lugar errado. Imagino-me ao lado de Fidel e Che Guevara tomando o poder de Havana, mas aí me lembro que detesto calor e mosquitos. E guerrilheiros deviam feder demais, meses sem tomar banho.

Vou confessar que gosto dos luxos do capitalismo. Todo jovem revolucionário do século XXI detesta Coca-Cola, McDonalds e Nike, mas idolatra a Apple e o finado Steve Jobs. Dentre tantas marcas que representam tão bem o "demônio" do capitalismo, a Apple não está incluída. O que é irônico, diga-se de passagem.

Imagino o que se passava na cabeça daquela galera que lutou no Araguaia. Já tive a oportunidade de conhecer um dos ex-guerrilheiros, mas não me atrevi a perguntas, não passou de um aperto de mão e só. É muito romântico da minha parte dizer que a aventura me fascinaria, soaria mais como algo dito em filmes de Hollywood. Convenhamos, deveria ser no mínimo apaixonante lutar contra o governo. Mas cá entre nós, ser torturado, apanhar, morrer com um tiro nas costas, isso não me parece tão agradável.

Por vezes pego-me pensando no que realmente atraída aqueles jovens para a guerrilha, a paixão pelos ideais ou o simples prazer de ser do contra, tão comum em tantos jovens.

Hoje a democracia está aí, bem como a liberdade de expressão. Não temos muito pelo que lutar, nada tão grandioso como lutar contra a ditadura. Os jovens da década de 60 e 70 protestaram contra os militares, hoje protestam pela legalização da maconha. Não que eu seja contra, mas analisa só o contraste. Não tô dizendo que não é importante lutar pelo que se acredita, mas hoje está bem melhor que antigamente. E isso é muito bom, mas o excesso de liberdade pode alienar as pessoas.

Em Cuba, há uma educação de qualidade e não se morre de fome, é um fato. Possui uma das medicinas mais avançadas do mundo e o povo morre de gripe. É um fato também que há uma ditadura lá, que não há liberdade. No Brasil temos liberdade e, apesar de estar muito melhor que 10, 15 anos atrás, ainda há gente morrendo de fome e pessoas que não sabem ler o próprio nome, sem falar do péssimo ensino público e a enorme desigualdade social.

Não há mais brigas de classes, há subordinações e cooperação mútua. A classe trabalhadora e alienada está grudada na televisão e jamais se revoltará contra seus opressores. Panem et circenses. A questão é que não há motivos para a classe operária brigar, há greves e reajustes salariais. Hoje a classe média baixa viaja de avião e usa roupas caras.

Ainda há muita coisa errada, mas já esteve bem pior. Quando se acha uma política perfeita para ser aplicada, sempre haverá alguém para discordar. Não importa se anarquista ou conservador. Uma política que supre as necessidades e não dá liberdade ou que dá liberdade e não supre a necessidade de todos? É uma escolha difícil. Todo revolucionário quer estar no poder e nenhum reacionário quer estar na classe trabalhadora.

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