sábado, 17 de setembro de 2011

Medo

Durmo. Sonho contigo e acordo com a realidade. A solidão que me acompanha na minha jornada em busca pela infelicidade não facultativa.

Ao me aproximar, prendo a respiração. Minha boca fica seca e muda, muda pelo medo que não se mede, mas pelo medo de mudar o meu mundo, a minha dor. Medo do futuro e medo que o futuro chegue.

Medo. O pior medo que se tem. Não é o medo do escuro nem o medo de monstros debaixo da cama, é o medo de ficar eternamente no escuro com o monstro do arrependimento, sem ninguém em minha cama. O medo de te beijar e o medo de não te beijar, juntos pelo medo de te perder.

Medo. O medo do vício de amores comprados para abafar meu lamento, afagado em seios desnudos e baratos.

Medo. O medo do fim da noite, quando se tem que dormir e encarar o teto do quarto. O medo de lembranças e de arrependimentos, coisas que fiz e que deixei de fazer. O medo de me arrepender de novo. O medo de decepcionar. O medo de ser decepcionado. O medo de viver sem prazer. O medo de viver sem te ter. O medo de estar vivo sem viver.


__________________________________________________________________________
Texto lapidado, originalmente escrito em janeiro de 2011.

Nenhum comentário: