Certa vez me chamaram de imbecil. E poucas coisas me afetaram tanto quanto isso. Talvez pelo momento, pela situação, pela pessoa, pela razão que fizeram de mim um completo imbecil.
O tempo passa. É, o maior clichê de todos: o tempo passa. Creio que consegui superar isso depois de me anestesiar com um carnaval bebendo e fazendo merda. Não fui um imbecil por algo que fiz, mas por algo que disse.
Hoje estou me considerando um verdadeiro imbecil com todas as letras gravadas na minha testa. Sou um imbecil por algo que fiz, que disse, mas principalmente por algo que senti. Algo que me deixei sentir mesmo sabendo que ia me foder no final.
Talvez eu seja emocionalmente imaturo, quiçá emocionalmente masoquista. Outro dia eu estava assistindo um filme, Quando Nietzsche Chorou (muito bom, por sinal), impossível não me identificar. Principalmente por uma frase que coube como uma luva em mim: amamos mais o desejar do que o objeto desejado.
Invento minhas paixões, procuro sarna para me coçar. Acho que até gosto de sofrer por amor. Esquisito, não? Creio que tenha relação com o fato de eu sempre me sentir só, me sentir carente até quando estou com alguém ao meu lado. Ou pelo fato de eu nunca ter vivido uma história de verdade.
Apego-me rápido às pessoas, mas na mesma velocidade eu me desapego. Não sou um imbecil apenas com quem eu gosto, mas também sou um imbecil comigo mesmo. Sei que tenho como consertar as coisas, mas acho que não vale à pena fazer isso quando você simplesmente passa a sentir indiferença pela pessoa, quando o desejar já perdeu a graça. Então eu me sinto não apenas um imbecil, mas também um filho da puta.
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Tenho liberdade.
Liberdade de gritar
Liberdade de dizer não
Liberdade de amar
Liberdade de escrever
Liberdade de ouvir um violão
na sombra de uma árvore
E tudo o que eu quero é ter você
Liberdade de dizer não
Liberdade de amar
Liberdade de escrever
Liberdade de ouvir um violão
na sombra de uma árvore
E tudo o que eu quero é ter você
segunda-feira, 16 de julho de 2012
A Caixinha.
Férias!
Roberto finalmente havia conseguido tirar férias do seu trabalho. Podeira aproveitar bastante, tomar aquele chopp com com o pessoal do futebol e passar o dia assistindo filmes antigos de pernas pro ar. A idéia seria essa se Luiza, sua mulher, não inventasse uma mudança logo nesse período.
Estavam com 7 anos de casamento, tudo às mil maravilhas. Depois da promoção em seu emprego, finalmente pôde se mudar para um apartamento maior. Roberto Filho já estava com 3 anos e Luiza já estava grávida de 3 meses. Precisariam de mais espaço.
Aquele apartamento de três quartos e 70m², o primeiro patrimônio adquirido por Roberto, tinha muitas histórias. Suas noites de solteiro com a turma da faculdade haviam sido homéricas.
Como todo homem, se apegava a tralhas antigas, todas guardadas em um quarto. Luiza estava na casa da mãe, provavelmente fofocando sobre os últimos acontecimentos da família. Sobrou para ele empacotar algumas coisas e - sob pressão - escolher o que jogar fora. "Pelo amor de Deus, Roberto, jogue pelo menos metade dessas coisas foras, não quero essas tranqueiras no apartamento novo!", ainda estavam frescas em sua memória as palavras de sua mulher.
O quarto era uma espécie de santuário de um homem que não havia se desvencilhado totalmente de sua adolescência. Alguns bonecos da Marvel, encadernados de Sandman, jogos de Super Nitendo, camisas e mais camisas do Corinthians, dentre outros objetos cheio de valor sentimental. Sentou-se num banquinho e começou a selecionar tudo o que queria e o que não queria.
Escondida, empoeirada e velha, acabou achando uma caixinha de madeira que havia sumido de vista há pelo menos 10 anos. Sentiu seu coração apertar um pouco, um nó na garganta e uma nostalgia de besteiras de outrora.
Pegou a caixinha, colocou sobre o colo e cuidadosamente a abriu. História de outra vida, de outro Roberto, aquele mesmo Roberto cultivava uma barba falha no queixo e usava um brinco na orelha esquerda.
Dentro da caixinha, um álbum de fotos da Kodak, um abridor de cerveja, um relógio de bolso parado, poesias que havia escrito em folhas de caderno, algumas outras coisas e um isqueiro Zippo. Aquele isqueiro que o levou a outras lembranças.
Aninha, fez uma cadeira com ela no último ano da faculdade. Ela que o havia presenteado com o isqueiro Zippo. Era a coisa mais linda do mundo, possuía cabelos ondulados, negros, olhos verdes. Seu pai era argentino, casada com chilena e ela havia nascido no Peru, sendo que morava no Brasil desde os 2 anos de idade.
Talvez Aninha tivesse sido o grande amor da sua vida. Namoraram três semanas. Roberto se apaixonou por ela após três dias. Primeiro a viu lendo um livro do Camus sentada no refeitório da universidade, depois foram apresentados num barzinho, possuíam alguns amigos em comum e logo foram apresentados. No terceiro dia estavam namorando, no quarto dormiram juntos pela primeira vez após uma garrafa de vinho e alguns LPs dos Beatles.
Estava perdidamente apaixonada por ela. Mas não havia futuro. No quinto dia ela revelou que já estava com uma viagem programada para a Europa, que moraria de vez lá com com sua mãe e seu padrasto, um boliviano intelectual que havia sido chamado para trabalhar na França.
Roberto decidiu que era maduro o suficiente para aguentar aquilo, era adulto e que saberia aproveitar os dias que ela estivesse no Brasil. Foi um namoro de três semanas que só conseguiu se recuperar depois de três meses. Ainda repetiu a cadeira e demorou mais um semestre para se formar.
"Foi o maior erro da minha vida", pensou Roberto, que de vez em quando ainda parava para pensar em Aninhha. "Mas foi um erro delicioso".
Por fim, guardou a caixinha. Decidiu que simplesmente não valeria a pena jogar aquele pedaço do seu passado fora.
domingo, 1 de julho de 2012
Ônibus.
Estava cansado, o dia havia sido exaustivo e, para completar, o ônibus estava demorando mais que o normal. Vinte minutos esperando na parada e nada. Resolveu acender um cigarro, na segunda tragada o ônibus chega. Amaldiçoou por ter que apagar o cigarro que havia acabado de acender.
Subiu no ônibus junto com a meia dúzia de pessoas. Pegou o último assento vago. Na parada seguinte, entrou uma velha corpulenta e sentiu-se obrigado a ceder seu lugar. A senhora agradeceu, com um sorriso gentil e sem graça alguma. Sorriu de volta, com um sorriso mais sem sal ainda.
Quando criança, costumava imaginar que, quando andava de ônibus, era um pirata e o gigante de metal era seu navio. O balanço do ônibus era o balanço do mar, segurava-se nas barras de metal imaginando que voava segurando-se por uma corda da vela. Quando passava por um buraco, eram os canhões de um navio inimigo.
Agora as fantasias de criança não passavam de uma parte da sua infância, sua única fantasia era com a cama que o aguardava após um dia cansativo.
Subiu no ônibus junto com a meia dúzia de pessoas. Pegou o último assento vago. Na parada seguinte, entrou uma velha corpulenta e sentiu-se obrigado a ceder seu lugar. A senhora agradeceu, com um sorriso gentil e sem graça alguma. Sorriu de volta, com um sorriso mais sem sal ainda.
Quando criança, costumava imaginar que, quando andava de ônibus, era um pirata e o gigante de metal era seu navio. O balanço do ônibus era o balanço do mar, segurava-se nas barras de metal imaginando que voava segurando-se por uma corda da vela. Quando passava por um buraco, eram os canhões de um navio inimigo.
Agora as fantasias de criança não passavam de uma parte da sua infância, sua única fantasia era com a cama que o aguardava após um dia cansativo.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Primeira pessoa do plural.
E até hoje eu guardo no bolso o isqueiro Bic que você me deu, junto com as boas lembranças e um punhado de mágoas soltas. Guardo na mente os momentos cotidianos, a felicidade que passava invisível diante dos meus olhos. As conversas sem pé nem cabeça que tínhamos após o sexo, a sua risada engraçada quando assistíamos a algum filme besta, nossos diálogos existencialistas enquanto nos balançávamos numa rede, de você tirando sarro da minha cara quando meu time perdia. Lembro de nós.
domingo, 24 de junho de 2012
É a vida, companheiro.
Às vezes sou muito impulsivo. Faço duas vezes antes de pensar, bem como diria a música. Talvez por isso eu quebre a cara tantas vezes. Se um dia eu tenho amor por uma pessoa, no outro eu tenho indiferença. Se um problema grande não me afeta hoje, amanhã tô morrendo por causa dele.
Sou muito exagerado, se agora não quero te ver nem pintada de ouro, já, já te quero do meu lado seja como for.
Se estou com raiva agora, logo lembro daqueles momentos que tivemos. O tempo passa e a gente vai esperando tudo se resolver, tudo se encaixar, a gente deixa o tempo superar por nós. Só que a vida sempre arranja um jeito de estragar tudo.
Você entra no ônibus, vê a pessoa, fica desesperado, finge que não viu, ela vem falar com você e pergunta como estão as coisas. Nessas horas que você percebe o quanto o tempo não passa de uma ilusão, de que certas coisas não olham para o calendário, simplesmente acontecem.
Sou muito exagerado, se agora não quero te ver nem pintada de ouro, já, já te quero do meu lado seja como for.
Se estou com raiva agora, logo lembro daqueles momentos que tivemos. O tempo passa e a gente vai esperando tudo se resolver, tudo se encaixar, a gente deixa o tempo superar por nós. Só que a vida sempre arranja um jeito de estragar tudo.
Você entra no ônibus, vê a pessoa, fica desesperado, finge que não viu, ela vem falar com você e pergunta como estão as coisas. Nessas horas que você percebe o quanto o tempo não passa de uma ilusão, de que certas coisas não olham para o calendário, simplesmente acontecem.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Escrevendo um poema.
Pensei em escrever um poema
Primeiro peguei a tinta
Depois peguei a pena
Pensei comigo: "apenas sinta"
Procurei palavras ao acaso
Imaginei meu inferno
O paraíso no teu abraço
Escrevi num caderno.
Primeiro peguei a tinta
Depois peguei a pena
Pensei comigo: "apenas sinta"
Procurei palavras ao acaso
Imaginei meu inferno
O paraíso no teu abraço
Escrevi num caderno.
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