domingo, 22 de janeiro de 2012

Ordem e outras coisas.

Em algum momento da escala evolutiva, alguns animais que formavam grupos possuíam mais chances de sobreviver. E assim foi com os humanos.

Entre a pré-história e a história houve uma sociedade primitiva, na qual imperava o coletivismo. Cada um tinha seu nicho no grupo. Era uma sociedade patriarcal, que, como a própria espécie, passou a evoluir. De repente havia um líder na sociedade, alguém que comandava o grupo e determinava funções.

Em algum ponto ficou claro que a sociedade precisaria de disciplina e uma autoridade rígida para manter a ordem. E o nicho que cada pessoa tinha passou a ser mercadoria de troca. Em outro ponto da história nasceu o "dinheiro". Milhares de anos, séculos depois, eis o iPod.

Um leão não é violento, ele ataca sua presa pela comida e mantém o equilíbrio na cadeia alimentar e na ordem natural das coisas. O homem não "dominou o mundo" por ser mais forte que um leão, mas por ser adaptado o suficiente para criar uma faca de pedra, uma lança, um punhal, um revólver, uma metralhadora.

De repente a sociedade percebe que precisa de regras para que se mantenha a ordem. Leis. O ser humano é violento em sua natureza. Dente por dente, olho por olho. Para manter a ordem, eis a violência. Não apenas a física, mas a moral, aquela capaz de tirar a dignidade da pessoa. Claro que dignidade e moral são conceitos modernos; que nós, humanos, já fomos mais truculentos, basta ver a história, mas tente acompanhar meu raciocínio.

A violência faz parte de cada um de nós. Está em nosso gene. Basta uma oportunidade, um dia ruim, para que um Dalai Lama se transforme num Mr. Hyde. A violência faz parte da ordem e do equilíbrio da sociedade, bem como o medo. O medo é um de nossos principais aliados na seleção natural. Pois com o medo vem o instinto de auto-preservação, eis, por vezes, a necessidade da violência.

Na sociedade moderna, a ordem se estabelece no caos que nós mesmos criamos. Ela se molda e se adapta. E você me pergunta: "que caos?". Aqui no Ceará, a Polícia Militar entrou em Greve por poucos dias. O Governador decretou estado de emergência e o exército teve que intervir pela segurança da população, o que não quer dizer grande coisa, mas é melhor do que nada: arrastões e delitos aumentaram consideravelmente, no qual marginais andavam armados em plena luz do dia, o comércio fechado e as ruas desertas.

Deste caos que estou falando. O caos urbano em que o excesso de ordem e autoridade marginalizaram um grupo, dividindo-os em periferias e classes sociais que, fora do controle, é a cada dia mais necessária a presença de autoridade e "segurança" para proteger os "cidadãos de bem". A ordem não se trata de acabar com a violência, mas mantê-la sob controle.

A sociedade só será verdadeiramente civilizada quando não precisarmos mais de polícia, governo, autoridades e utopias. Quem sabe a humanidade continue evoluindo até chegar lá, quem sabe ela se destrua antes. De qualquer modo, não estarei lá para ver.

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