ainda lembro daquele beijo
molhado de cerveja
e o meu cigarro já no filtro
quando a noite, recém nascida,
dava seus primeiros passos
para a tua epiderme se tornar o meu divã
e o teu perfume se tornar o meu ópio
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
sábado, 30 de novembro de 2013
entre o ontem e o hoje
tão cedo o sol nasceu
expulsando as estrelas do céu
que a noite mais pareceu um suspiro de despedida
e o dia que se anunciava
era incerto como a vida
e desejado como teus lábios
expulsando as estrelas do céu
que a noite mais pareceu um suspiro de despedida
e o dia que se anunciava
era incerto como a vida
e desejado como teus lábios
domingo, 3 de novembro de 2013
.uv ajeD
somos todos bêbados
nos embriagamos
com vinho barato,
religião,
ópio
vendendo o cigarro do almoço
para comprar o cigarro do jantar
o destino
é a falta de destino
e o caminho, por vezes torto,
pode nos levar à mesma rua
às mesmas pessoas
às mesmas cagadas
somos todos bêbados
suportando a embriaguez alheia
suportando a própria existência
(ou pelo menos tentando)
~
~
~
nos embriagamos
com vinho barato,
religião,
ópio
vendendo o cigarro do almoço
para comprar o cigarro do jantar
o destino
é a falta de destino
e o caminho, por vezes torto,
pode nos levar à mesma rua
às mesmas pessoas
às mesmas cagadas
somos todos bêbados
suportando a embriaguez alheia
suportando a própria existência
(ou pelo menos tentando)
~
~
~
terça-feira, 15 de outubro de 2013
domingo, 22 de setembro de 2013
Lexotan
o despertar da madrugada
nos confins da solidão
assusta o peso das pálpebras
pois o silêncio da noite
se quebra diante
os gritos do pensamento
nos confins da solidão
assusta o peso das pálpebras
pois o silêncio da noite
se quebra diante
os gritos do pensamento
terça-feira, 17 de setembro de 2013
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
eau de vie
escrevo poemas
em guardanapos de papel
esperando outra dose
uísque barato, pouco gelo
vou abraçando a noite
sua brisa fria
me acaricia o rosto
recebo os afagos da solidão
a amizade dos bêbados do centro
e o amor de putas
tão baratas quanto o meu uísque
a sarjeta,
meu leito
em guardanapos de papel
esperando outra dose
uísque barato, pouco gelo
vou abraçando a noite
sua brisa fria
me acaricia o rosto
recebo os afagos da solidão
a amizade dos bêbados do centro
e o amor de putas
tão baratas quanto o meu uísque
a sarjeta,
meu leito
terça-feira, 6 de agosto de 2013
pessimismo
pessimismo não é o copo meio vazio
pessimismo é estacionar no shopping
e se dar conta que foi direto ao G3
sem nem procurar vaga no G2
pessimismo é estacionar no shopping
e se dar conta que foi direto ao G3
sem nem procurar vaga no G2
sábado, 3 de agosto de 2013
fugitivo
sou o que sou no instante agora
sem barco, sem remo, sem rumo
vindo das experiências de outrora
fugindo da pólvora e do chumbo
no meio da noite, no meio da mata
cachorros latindo em meus calcanhares
são eles vindo atrás de mim
sem água no mar, sem alma no corpo
armas carregadas, dedo no gatilho
preparar, apontar, fogo!
sem último desejo, sem último suspiro
sem barco, sem remo, sem rumo
vindo das experiências de outrora
fugindo da pólvora e do chumbo
no meio da noite, no meio da mata
cachorros latindo em meus calcanhares
são eles vindo atrás de mim
sem água no mar, sem alma no corpo
armas carregadas, dedo no gatilho
preparar, apontar, fogo!
sem último desejo, sem último suspiro
quinta-feira, 25 de julho de 2013
na praia
na praia
ainda paira
aquele ar
de amor
de mar
de beijo salgado
um beijo roubado
as luzes do porto
e a brisa no rosto
no horizonte
um barco
sendo levado
pelo vento
na areia
nosso alento
que incendeia
o sentimento
ainda paira
aquele ar
de amor
de mar
de beijo salgado
um beijo roubado
as luzes do porto
e a brisa no rosto
no horizonte
um barco
sendo levado
pelo vento
na areia
nosso alento
que incendeia
o sentimento
terça-feira, 23 de julho de 2013
a vida, um filme
minha vida é um filme
mas a única trilha sonora que ouço
é o barulho do trânsito
quando fumo um cigarro na varanda
mas a única trilha sonora que ouço
é o barulho do trânsito
quando fumo um cigarro na varanda
segunda-feira, 15 de julho de 2013
ah, meus 20 anos...
o mundo ao redor está desmoronando
o caos estabelece uma nova ordem
o ápice ainda não chegou
mas sinto que vai chegar
em breve
depois as coisas podem melhorar
ou talvez fique tudo do mesmo jeito
com os mesmos assuntos não resolvidos
ou tudo pode acabar se tornando uma pneumonia
que surgiu de uma gripe mal curada
e que acabará dando um fim nisso tudo
então nos restarão as lembranças das merdas feitas ao longo do caminho
a nostalgia de quando achávamos ter o mundo nas mãos
e cada um vai seguir sua vida
e vivenciar a monotonia cotidiana
com o hoje se distanciando cada vez mais do ontem
o caos estabelece uma nova ordem
o ápice ainda não chegou
mas sinto que vai chegar
em breve
depois as coisas podem melhorar
ou talvez fique tudo do mesmo jeito
com os mesmos assuntos não resolvidos
ou tudo pode acabar se tornando uma pneumonia
que surgiu de uma gripe mal curada
e que acabará dando um fim nisso tudo
então nos restarão as lembranças das merdas feitas ao longo do caminho
a nostalgia de quando achávamos ter o mundo nas mãos
e cada um vai seguir sua vida
e vivenciar a monotonia cotidiana
com o hoje se distanciando cada vez mais do ontem
terça-feira, 9 de julho de 2013
segunda-feira, 24 de junho de 2013
lembranças do interior
e lá estava seu zé e dona chica
ela, costurando calças dos netos
ele, ouvindo seu radinho de pilha
na calçada da cidade de pôr-do-sol tão belo
finzinho de tarde
futebol na pracinha
o cachorro pé duro que late
e a missa na igrejinha
ela, costurando calças dos netos
ele, ouvindo seu radinho de pilha
na calçada da cidade de pôr-do-sol tão belo
finzinho de tarde
futebol na pracinha
o cachorro pé duro que late
e a missa na igrejinha
quarta-feira, 12 de junho de 2013
sono dos orixás
quero fazer do mar
uma rede pr'eu dormir
que a própria iemanjá
cante músicas de ninar
enquanto yansã
me coloca a balançar
uma rede pr'eu dormir
que a própria iemanjá
cante músicas de ninar
enquanto yansã
me coloca a balançar
terça-feira, 11 de junho de 2013
mais um dia dos namorados
já estamos em junho
e ainda me pergunto
o que houve conosco
antes, caloroso
hoje, sem vida
e o que nos restou
apenas palavras frígidas
eis o nosso amor
e ainda me pergunto
o que houve conosco
antes, caloroso
hoje, sem vida
e o que nos restou
apenas palavras frígidas
eis o nosso amor
terça-feira, 4 de junho de 2013
abismo
fechei os olhos
respirei fundo
ao relento
senti o mundo
senti o vento
dei três passos
abri os braços
e num segundo assim
esperei meu fim
respirei fundo
ao relento
senti o mundo
senti o vento
dei três passos
abri os braços
e num segundo assim
esperei meu fim
terça-feira, 28 de maio de 2013
dança dançar
dança
dançar
sem ritmo
apenas com a sintonia
não com a música
mas com o outro corpo
dança
dançar
samba
dançar um bolero
dançar no chão
dançar até no teto
dançar
sem ritmo
apenas com a sintonia
não com a música
mas com o outro corpo
dança
dançar
samba
dançar um bolero
dançar no chão
dançar até no teto
segunda-feira, 27 de maio de 2013
utopia morta
pontas de cigarro
esquecidas no chão
pessoas seguindo passos
perambulando em multidão
olhos vendados pelo comodismo
gargantas molhadas pela aguardente
observando, tento me livrar disto
pensando, tento clarear minha mente
paro, desisto
já que não vou mudar o mundo
garçom,
outra cerveja!
esquecidas no chão
pessoas seguindo passos
perambulando em multidão
olhos vendados pelo comodismo
gargantas molhadas pela aguardente
observando, tento me livrar disto
pensando, tento clarear minha mente
paro, desisto
já que não vou mudar o mundo
garçom,
outra cerveja!
quinta-feira, 23 de maio de 2013
cafajeste
vou roubar a lua
colocar num anel e te pedir em casamento
fazer promessas que não cumprirei
vou dizer que te amo
mas como é frágil o meu amor...
colocar num anel e te pedir em casamento
fazer promessas que não cumprirei
vou dizer que te amo
mas como é frágil o meu amor...
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Happy hour.
Quando Roberto abriu a porta do apartamento, esvaziou os bolsos como de costume. Celular, carteira e chave do carro; colocou sobre um móvel da sala, mas manteve a carteira de cigarro e o isqueiro Bic na mão. Foi até a varanda. Seu time tinha sido eliminado, o que geralmente o teria deixado chateado, mas não estava pensando muito nisso. Só tinha em mente as últimas horas que passaram. Tentava lembrar passo a passo.
Engarrafamento. Trabalho. Almoço. Mais trabalho. Enfim, chopp com o pessoal do trabalho. Foi o segundo da firma a chegar no barzinho, Luísa, sua colega, foi a primeira. Roberto e Luísa nunca foram tão próximos, mas sempre trocavam palavras simpáticas quando se esbarravam no café da firma, as mesmas palavras que trocamos com um vizinho no elevador.
Sentou na mesa e começaram a conversar, entre um chopp e outro percebiam que tinham muito em comum. Demorou cerca de 40 minutos para se darem conta de que não tinha mais ninguém da firma chegando, e só quando ligou para Ricardinho, do almoxarifado, se deu conta que tinha marcado com o pessoal no Bar do Bigode, e não no Chopp do Careca. Roberto e Luísa riram, os dois tinham se enganado, mas pareciam não se importar. Resolveram continuar no Chopp do Careca.
Na hora de pagar a conta, Roberto insistiu em pagar sozinho, mas percebeu que se insistisse um pouco mais Luísa se sentiria ofendida. Racharam meio a meio. Na saída do bar, ele a acompanhou até o carro.
Quando ela destravou o alarme, Roberto a puxou pelo braço, de forma sutil. Talvez fosse o chopp falando mais alto, mas quando se deram conta os lábios um do outro já estavam próximos demais.
Na varanda, com um cigarro aceso, se lembrava da maneira que Luísa ajeitou uma mecha de cabelo para trás da orelha enquanto suas bocas se separavam daquele beijo. Era uma maneira meio envergonhada, com um sorriso inocente de criança que sabe que é errado passar o dedo na cobertura do bolo e mesmo assim o faz. Logo em seguida se despediram um do outro. Era uma mulher encantadora, bonita, que parecia ter algo nos olhos que simplesmente prendia sua atenção. Talvez estivesse apaixonado. "Puta que pariu", pensou.
- Oi, amor, foi bom lá com o pessoal? - perguntou Cláudia, sua esposa.
- O de sempre, meu bem, um bando de macho falando sobre futebol - respondeu Roberto, disfarçadamente colocando a aliança no dedo.
Engarrafamento. Trabalho. Almoço. Mais trabalho. Enfim, chopp com o pessoal do trabalho. Foi o segundo da firma a chegar no barzinho, Luísa, sua colega, foi a primeira. Roberto e Luísa nunca foram tão próximos, mas sempre trocavam palavras simpáticas quando se esbarravam no café da firma, as mesmas palavras que trocamos com um vizinho no elevador.
Sentou na mesa e começaram a conversar, entre um chopp e outro percebiam que tinham muito em comum. Demorou cerca de 40 minutos para se darem conta de que não tinha mais ninguém da firma chegando, e só quando ligou para Ricardinho, do almoxarifado, se deu conta que tinha marcado com o pessoal no Bar do Bigode, e não no Chopp do Careca. Roberto e Luísa riram, os dois tinham se enganado, mas pareciam não se importar. Resolveram continuar no Chopp do Careca.
Na hora de pagar a conta, Roberto insistiu em pagar sozinho, mas percebeu que se insistisse um pouco mais Luísa se sentiria ofendida. Racharam meio a meio. Na saída do bar, ele a acompanhou até o carro.
Quando ela destravou o alarme, Roberto a puxou pelo braço, de forma sutil. Talvez fosse o chopp falando mais alto, mas quando se deram conta os lábios um do outro já estavam próximos demais.
Na varanda, com um cigarro aceso, se lembrava da maneira que Luísa ajeitou uma mecha de cabelo para trás da orelha enquanto suas bocas se separavam daquele beijo. Era uma maneira meio envergonhada, com um sorriso inocente de criança que sabe que é errado passar o dedo na cobertura do bolo e mesmo assim o faz. Logo em seguida se despediram um do outro. Era uma mulher encantadora, bonita, que parecia ter algo nos olhos que simplesmente prendia sua atenção. Talvez estivesse apaixonado. "Puta que pariu", pensou.
- Oi, amor, foi bom lá com o pessoal? - perguntou Cláudia, sua esposa.
- O de sempre, meu bem, um bando de macho falando sobre futebol - respondeu Roberto, disfarçadamente colocando a aliança no dedo.
domingo, 19 de maio de 2013
chuva
chuva
chove
lava meu espírito
chuva
chove
tira o cheiro dela de mim
chuva
chove
leva as mágoas para longe
chuva
chove
c
h
o
v
e
chove
lava meu espírito
chuva
chove
tira o cheiro dela de mim
chuva
chove
leva as mágoas para longe
chuva
chove
c
h
o
v
e
terça-feira, 14 de maio de 2013
vida, vento, vela
as
velas
saindo
do mucuripe
já não levam minhas
mágoas para as águas fundas do
mar
as velas do mucuripe levam a tristeza de seus pescadores
para a labuta de cada dia, do sol em suas faces
navegar é preciso
viver não é preciso
~
velas
saindo
do mucuripe
já não levam minhas
mágoas para as águas fundas do
mar
as velas do mucuripe levam a tristeza de seus pescadores
para a labuta de cada dia, do sol em suas faces
navegar é preciso
viver não é preciso
~
domingo, 12 de maio de 2013
rotina
de todos os acasos
e de todos os casos
entre um cigarro e outro
no mesmo bar sujo
ainda é em você que penso
e quanto mais tento esquecer
mais ainda eu lembro
mais ainda eu lamento
mais ainda eu sofro
então minto para mim mesmo
digo que estou bem, finjo que acredito
acordo mais um dia
e levo a vida que tenho para levar
e de todos os casos
entre um cigarro e outro
no mesmo bar sujo
ainda é em você que penso
e quanto mais tento esquecer
mais ainda eu lembro
mais ainda eu lamento
mais ainda eu sofro
então minto para mim mesmo
digo que estou bem, finjo que acredito
acordo mais um dia
e levo a vida que tenho para levar
sexta-feira, 10 de maio de 2013
quarta-feira, 8 de maio de 2013
o burocrático
pare aí, meu amigo
diga de onde vem, para onde vai
o que quer comigo
quem é tua mãe, quem é teu pai
diga de onde vem, para onde vai
o que quer comigo
quem é tua mãe, quem é teu pai
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Clique!
Fotografar um momento é eternizar algo.
Então resolvi fotografar seu rosto com meus olhos.
(eternizar nossos momentos em minha alma)
domingo, 5 de maio de 2013
utopia
uni-vos, trabalhadores do mundo!
contra cada patrão, cada explorador
que não passam de uns vagabundos
roubam nosso sangue, nosso suor, nossa dor
em minha alma, só haverá alegria
quando a verdadeira revolução acontecer
quando estiver em prática a utopia
da justiça, da liberdade e da egalité
que sejamos todos irmãos
nas lutas que acontencerão
mas enquanto a revolução não vem
vou pagando as contas no fim do mês
só de luz veio mais de cem
e a de água vence dia seis
contra cada patrão, cada explorador
que não passam de uns vagabundos
roubam nosso sangue, nosso suor, nossa dor
em minha alma, só haverá alegria
quando a verdadeira revolução acontecer
quando estiver em prática a utopia
da justiça, da liberdade e da egalité
que sejamos todos irmãos
nas lutas que acontencerão
mas enquanto a revolução não vem
vou pagando as contas no fim do mês
só de luz veio mais de cem
e a de água vence dia seis
fuga
cheiro de café
café quente
alma fria
calma agonia
acender um cigarro
ascender uma idéia
o furo do meu sapato
o portal para uma odisséia
café quente
alma fria
calma agonia
acender um cigarro
ascender uma idéia
o furo do meu sapato
o portal para uma odisséia
o sol desvirginando a madrugada
juventude
aflora
juízo
afora
calor
momento
a insegurança de um beijo roubado
a insegurança de uma incocência perdida
aflora
juízo
afora
calor
momento
a insegurança de um beijo roubado
a insegurança de uma incocência perdida
quinta-feira, 2 de maio de 2013
ebriedade
o copo está cheio
cheio de mágoas
de incertezas
de inseguranças
e você se sente aquela mesma criança
brincando só, no mesmo quarto
mas seus brinquedos agora são outros
são o vinho,
o cigarro
desilusões que ficaram no meio do caminho
lembranças de um motel barato
e a vida que segue em frente
sem se importar com o que você sente
cheio de mágoas
de incertezas
de inseguranças
e você se sente aquela mesma criança
brincando só, no mesmo quarto
mas seus brinquedos agora são outros
são o vinho,
o cigarro
desilusões que ficaram no meio do caminho
lembranças de um motel barato
e a vida que segue em frente
sem se importar com o que você sente
sábado, 27 de abril de 2013
ópio para aguentar viver
'cê mente,
semente
só sente
na mente
lá, limbo
cá, chimbo
de chumbo
na chuva
moribundo
na luta
(pois mais um dia amanhece)
Somos todos moribundos a partir do nosso nascimento, pois o rei e o escravo se igualam na morte: viemos despidos ao mundo e partiremos vestidos das lembranças do que vivemos.
(das merdas que fizemos)
trago comigo os tragos de uma vida
semente
só sente
na mente
lá, limbo
cá, chimbo
de chumbo
na chuva
moribundo
na luta
(pois mais um dia amanhece)
Somos todos moribundos a partir do nosso nascimento, pois o rei e o escravo se igualam na morte: viemos despidos ao mundo e partiremos vestidos das lembranças do que vivemos.
(das merdas que fizemos)
trago comigo os tragos de uma vida
quinta-feira, 25 de abril de 2013
lembranças sem nexo
você
eu
nós
1 história
2 corpos
3 horas da manhã
meras lembranças
palavras sem nexo
eu
nós
1 história
2 corpos
3 horas da manhã
meras lembranças
palavras sem nexo
quarta-feira, 24 de abril de 2013
um beijo grego
quero um amor para chamar de calíope
que me faça escrever os mais belos versos
ou então um amor para chamar de eurídice
por quem eu seria capaz de ir até o inferno
~
que me faça escrever os mais belos versos
ou então um amor para chamar de eurídice
por quem eu seria capaz de ir até o inferno
~
domingo, 21 de abril de 2013
sem remendo
e de todas aquelas lembranças
de todos aqueles momentos
já perdi as esperanças
de algum dia achar remendo
~
de todos aqueles momentos
já perdi as esperanças
de algum dia achar remendo
~
terça-feira, 16 de abril de 2013
canto
no mesmo canto
do quarto
ouço aquele canto
bem baixo
uma vozinha doce
da vizinha do lado
que toda noite
no silêncio do bairro
canta na varanda
para o céu estrelado
com a esperança
de assim, do nada
quem sabe um dia
poder ser amada
do quarto
ouço aquele canto
bem baixo
uma vozinha doce
da vizinha do lado
que toda noite
no silêncio do bairro
canta na varanda
para o céu estrelado
com a esperança
de assim, do nada
quem sabe um dia
poder ser amada
terça-feira, 9 de abril de 2013
Amanhecer.
O Sol começa a dar suas pinceladas
alaranjadas
no horizonte, dissipando a madrugada,
como o vento frio dissipa a fumaça
do meu cigarro.
Já presenciei a mesma cena tantas vezes,
tantas vezes vi o Sol nascer
que já nem está mais entre meus prazeres
observar o amanhecer.
De repente,
o que deveria ser uma linda paisagem
sente
que se torna apenas uma fotografia banal,
sem sal,
uma coisa crua
com postes iluminando a rua
e a cidade acordando
com o mesmo canto
dos pássaros,
dos carros.
alaranjadas
no horizonte, dissipando a madrugada,
como o vento frio dissipa a fumaça
do meu cigarro.
Já presenciei a mesma cena tantas vezes,
tantas vezes vi o Sol nascer
que já nem está mais entre meus prazeres
observar o amanhecer.
De repente,
o que deveria ser uma linda paisagem
sente
que se torna apenas uma fotografia banal,
sem sal,
uma coisa crua
com postes iluminando a rua
e a cidade acordando
com o mesmo canto
dos pássaros,
dos carros.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
domingo, 7 de abril de 2013
quinta-feira, 4 de abril de 2013
soneto
tentei fazer um soneto
mas o soneto deu sono
tentei fazer umas rimas
fui escrevendo, fui pondo
entediado, acendi meu cigarro
prefiro escrever do meu jeito torto
só assim me sinto menos morto
mas o soneto deu sono
tentei fazer umas rimas
fui escrevendo, fui pondo
entediado, acendi meu cigarro
prefiro escrever do meu jeito torto
só assim me sinto menos morto
segunda-feira, 1 de abril de 2013
(a)mar
linda cigana
você se engana
nesse nômade amor
pois no mar de amor
o oceano é paixão
ou se não, já chão
de um (a)mar que secou
você se engana
nesse nômade amor
pois no mar de amor
o oceano é paixão
ou se não, já chão
de um (a)mar que secou
insônia
são quatro da matina
e o mar atina
a vida para viver
e o mar chama
e acende a chama
do meu querer
e o mar atina
a vida para viver
e o mar chama
e acende a chama
do meu querer
domingo, 31 de março de 2013
fugere urbem
multidões indiferentes atrevessando a calçada
tristezas salientes no olhar de pessoas bem arrumadas
pausa no expediente
para tomar um café com torrada
acendo meu cigarro
e observo
buzinas de carro
me preservo
tristezas salientes no olhar de pessoas bem arrumadas
pausa no expediente
para tomar um café com torrada
acendo meu cigarro
e observo
buzinas de carro
me preservo
terça-feira, 12 de março de 2013
Devaneios de uma madrugada tediosa.

Posso dizer que algumas pessoas mudaram a minha vida. Sei que há gente que realmente gosta de mim, mas pergunto-me quem sentiria minha falta daqui a dez anos se eu morresse hoje, se eu ainda seria lembrado. Sei que quando eu morrer nada disso importará, mas é um pensamento que ainda assim me incomoda.
Às vezes a minha vontade é de jogar tudo para o alto. Nunca consegui imaginar como seria minha vida daqui a 5 anos, mas vejo-me infeliz. Tenho a impressão de que estou vivendo os melhores dias da minha vida: isso me entristece mais ainda. Só temos uma vida, se esses forem os melhores dias da minha existência, pergunto-me se vale mesmo a pena viver.
sexta-feira, 8 de março de 2013
Linhas tortas.
Eu gostaria de ter um navio pirata. Quando as velas
do Mucuripe saíssem para pescar, o meu navio sairia para saquear cidades
e buscar tesouros. Por enquanto, vou imaginando que o balanço do ônibus
é o balanço do mar.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Santa Maria.
Provavelmente é do conhecimento da maioria o incidente que houve na cidade gaúcha de Santa Maria. Parece que o Brasil todo se comoveu, até mesmo nossa presidenta derramou algumas lágrimas (se eram lágrimas sinceras, aí são outros quinhentos).
A questão é que não consigo sentir tanta empatia assim com o ocorrido. Morrem milhares de pessoas por dia pelas mais diversas causas e ninguém se importa, muito menos eu. Então por que eu deveria achar que um incêndio numa boate matando mais de 200 pessoas é o fim do mundo? Se fosse na minha cidade, com meus amigos, provavelmente eu até choraria e ficaria verdadeiramente de luto, mas foram só estranhos que nunca vi na vida.
Entendo a dor dos familiares das vítimas, sei como é perder alguém que se ama. Acontece que não me sinto na obrigação de sentir tristeza e demonstrá-la a todos apenas por falso moralismo.
A questão é que não consigo sentir tanta empatia assim com o ocorrido. Morrem milhares de pessoas por dia pelas mais diversas causas e ninguém se importa, muito menos eu. Então por que eu deveria achar que um incêndio numa boate matando mais de 200 pessoas é o fim do mundo? Se fosse na minha cidade, com meus amigos, provavelmente eu até choraria e ficaria verdadeiramente de luto, mas foram só estranhos que nunca vi na vida.
Entendo a dor dos familiares das vítimas, sei como é perder alguém que se ama. Acontece que não me sinto na obrigação de sentir tristeza e demonstrá-la a todos apenas por falso moralismo.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Fim de noite.
Em passos ébrios, entrou no quarto e fechou a porta.
Tirou do bolso uma carteira de Marlboro, só tinha um. O cigarro salvador que guardamos para quando chegarmos em casa, já meio amassado, mas ainda assim agradecemos aos céus por tê-lo.
Os primeiros raios de Sol começavam a invadir quarto através da janela de vidro. Começou a pensar se a noite realmente havia valido a pena.
Tirou do bolso uma carteira de Marlboro, só tinha um. O cigarro salvador que guardamos para quando chegarmos em casa, já meio amassado, mas ainda assim agradecemos aos céus por tê-lo.
Os primeiros raios de Sol começavam a invadir quarto através da janela de vidro. Começou a pensar se a noite realmente havia valido a pena.
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Qual a tua arte?
Quem conhece Fortaleza sabe que o Dragão do Mar é uma boa pedida para aproveitar a ébria noite alencarina. Há varios bares e boates por lá, música de qualidade e cerveja gelada.
Não são raros os hippies e mendigos querendo vender pulseiras e pedindo dinheiro. Mas o que me chama a atenção é que boa parte desses "indigentes" - que muitas vezes são muito mais "gente" que alguns que dirigem carros importados - sempre tem uma boa história para contar.
Outro dia lá estava eu, num grupo de amigos, bebendo, sentado numa mesa de um carrinho que vendia bebida mais barata que nos bares. Então me aparece uma figura querendo vender pulseiras. Perguntei:
"Qual a tua arte?"
"Me dê um tema", ele disse.
"O céu".
Ele fez um rap-repente que me deixou impressionado. Passou uns 5 minutos improvisando e fazendo graça. Tinha talento o cara. Retribui com o que pude dentro das minhas condições de estudante de filosofia: o resto da minha dose de cachaça, um cigarro e dois reais. E o mais valioso: atenção.
A tantos outros quanto ele, deixo as palavras de Álvares de Azevedo:
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz o meu peito blasfema,
É ter para escrever um poema,
E não ter um vintém para uma vela.
Não são raros os hippies e mendigos querendo vender pulseiras e pedindo dinheiro. Mas o que me chama a atenção é que boa parte desses "indigentes" - que muitas vezes são muito mais "gente" que alguns que dirigem carros importados - sempre tem uma boa história para contar.
Outro dia lá estava eu, num grupo de amigos, bebendo, sentado numa mesa de um carrinho que vendia bebida mais barata que nos bares. Então me aparece uma figura querendo vender pulseiras. Perguntei:
"Qual a tua arte?"
"Me dê um tema", ele disse.
"O céu".
Ele fez um rap-repente que me deixou impressionado. Passou uns 5 minutos improvisando e fazendo graça. Tinha talento o cara. Retribui com o que pude dentro das minhas condições de estudante de filosofia: o resto da minha dose de cachaça, um cigarro e dois reais. E o mais valioso: atenção.
A tantos outros quanto ele, deixo as palavras de Álvares de Azevedo:
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz o meu peito blasfema,
É ter para escrever um poema,
E não ter um vintém para uma vela.
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